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Maria Lacerda
Categories: General

T+T Feminist Selection

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Maria Lacerda de Moura (1887-1944) was a teacher, journalist, writer, lecturer and poet from Minas Gerais, Brazil.

She led an intense life questing after social equality: one of the few feminists involved in the proletarian movement, she was the first Brazilian feminist to express her thoughts in newspaper, review and book form.

In Brazil she also pioneered the spread of a stand against fascism and campaigned against experiments on animals.

 

One cries before the movie screen and is unmoved by social injustice.

The sentimentality of the epidermis that makes one cry before the movie screen and yet sob around the charitable elegance, all the misery of the Cyclopean struggle for life and one does not see, does not want to see the age-old suffering of the proletarian woman calculatedly cultivated in ignorance through hard breadwinning, the exhausting work of the factory, workshops and domestic dealings- serving the sick idle high society or brothels of elegant addiction. The mercy of charitable ladies does not see, does not know the Dantesque struggle of a poor girl of the people who slips in the darkest misery and does not fall into the wide-open arms of the “necessary” prostitution in this bestial and moralistic society. The activity of the elegant woman only knows to devote itself to this exhibitionist charity of lit halls, which boasts her beauty and problematic feelings of kindness studied in the mirror… The woman is vain and lazy and female psychologists concerned with pleasing, with performing “boudoir” psychology- not peering, not wanting to see the falsity of those high charitable feelings of elegant worldliness. Preferring to continue to suffer the consequences of one’s servility, of submission to develop character, the schools of initiative to fight relying on one’s own energies. Searching to retain their golden parasitism, indifferent to social ills: she is odalisque and courtesan, but goes to church at chic hours, praying for others and dancing a modern step, upholding charity. How hateful and perverse is this charity!

 

Chora ante o ecran do cinema e fica impassível ante as injustiças sociais

Sentimentalismo de epiderme que faz chorar ante o écran do cinema e, todavia, soluça em torno da elegância caridosa, toda a miséria ciclópica da luta pela vida e ela não vê, não quer ver o sofrimento milenar da mulher proletária, calculadamente cultivada a sua ignorância através do pão duro de cada dia, no trabalho exaustivo da fábrica, das oficinas e no lidar doméstico- servindo à ociosidade farta da alta sociedade ou dos bordéis do vício elegante. A piedade das senhoras caridosas não vê, não sabe da luta dantesca de uma pobre moça do povo que resvala na miséria mais negra se não cai nos braços escancarados da prostituição “necessária” nesta sociedade bestial e moraliteísta. A atividade da mulher elegante só sabe votar-se a essa caridade exibicionista dos salões iluminados, onde ostenta a sua beleza e sentimentos problemáticos de uma bondade estudada no espelho… A mulher é vaidosa e comodista e os psicólogos femininos preocupados em agradar, em fazer psicologia de “boudoir”- não perscrutam, não querem ver a falsidade dos altos sentimentos caridosos do mundanismo elegante. Prefere continuar a sofrer as conseqüências do seu servilismo, da sua submissão a desenvolver o caráter, as faculdades de iniciativa para lutar contando com as suas próprias energias. Procura conservar o seu parasitismo dourado, indiferente aos males sociais: é odalisca e cortesã, mas, vai à Igreja, em horas chics, rezar pelo próximo e, dançando um passo moderno, exerce a caridade. Como é odiosa e perversa essa caridade!

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